Você sabe o significado da palavra vocação?

A palavra vocação vem do latim “vocare”, que significa “chamado”. Porém, na nossa vida essa palavra tem uma amplitude muito maior do cabe em seu significado.

Muitos pensam que vocação é algo relacionado apenas aos sacerdotes e religiosos, mas, na verdade, ela diz respeito a cada ser humano. Vamos entender isso melhor!

O primeiro chamado à vocação

O ser humano foi criado por Deus, à sua imagem e semelhança, conforme narra o livro de Gênesis. Mas antes de existirmos neste mundo, Deus já nos conhecia e nos amava. “Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado” (Jeremias 1,5).

Portanto, a primeira vocação que Ele nos deu foi o chamado à vida. A vida é um dom de Deus concedido a nós e cabe a cada um descobrir o sentido da própria vida e colocar-se a seu serviço.

E como nos colocamos à serviço da vida? Alguns fazem isso doando a própria vida para cuidar dos doentes e dos pobres. Um lindo testemunho disso encontramos em Santa Teresa de Calcutá, que se dedicou, como religiosa, a recolher os doentes das ruas e levar para hospitais improvisados, inicialmente, criados por ela mesma.

Outro exemplo de cuidado com a vida acontece no Instituto de Vida Consagrada Servos do Coração de Maria. Aqui, nos dedicamos ao cuidado da vida dos idosos em nossa casa de acolhida São Pio.

Mas o cuidado com a vida não cabe apenas aos religiosos, mas cada um de nós é chamado por Deus a isso. E os leigos cuidam da vida ajudando, conforme suas possibilidades, os mais pobres e doentes. Isso acontece a partir da doação diretamente a famílias carentes, a campanhas realizadas pela paróquia ou a Institutos, que se dedicam ao serviço de Deus e da vida, como os Servos do Coração de Maria.

A vocação à Comunhão com Deus

O Catecismo da Igreja nos ensina que o homem foi criado por Deus e para Deus, e que “Deus não cessa de atrair o homem para Si” (Catecismo, 27).

E outro importante documento da Igreja afirma:

“A razão mais sublime da dignidade do homem consiste na sua vocação à união com Deus. É desde o começo da sua existência que o homem é convidado a dialogar com Deus: pois, se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por Ele por amor constantemente conservado; nem pode viver plenamente segundo a verdade, se não reconhecer livremente esse amor e se entregar ao seu Criador” (Gaudium et Spes, 19).

Ou seja, sem estarmos em comunhão com Deus, dificilmente encontraremos o sentido da nossa própria vida, dificilmente seremos verdadeiramente felizes.

No entanto, todos buscamos a felicidade e este desejo, de acordo com o Catecismo da Igreja, é de origem divina “Deus pô-lo no coração do homem para o atrair a Si” (Catecismo 1718).

São Tomás de Aquino escreveu: “Como é então, Senhor, que eu Te procuro? De fato, quando Te procuro, ó meu Deus, é a vida feliz que eu procuro. Faz com que Te procure, para que a minha alma viva! Porque tal como o meu corpo vive da minha alma, assim a minha alma vive de Ti”.

A vocação à santidade

“Sede santos porque eu sou Santo” (Levítico 11,44). Este é outro grande chamado de Deus para cada um de nós. E não podia ser diferente, pois se fomos criados à imagem e semelhança de Deus, e sendo Deus santo, não podemos refletir em nossa vida outra coisa senão a santidade.

A santidade em nossa vida é medida pela vivência das bem-aventuranças apontadas por Jesus nos evangelhos: “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre… os mansos… os que têm fome e sede de justiça… os misericordiosos… os puros de coração… os pacíficos…” (cf. Mateus 5,3-12).

As bem-aventuranças “retratam o rosto de Jesus Cristo e descrevem-nos a sua caridade: exprimem a vocação dos fiéis associados à glória da sua paixão e ressurreição; definem os atos e atitudes característicos da vida cristã; são as promessas paradoxais que sustentam a esperança no meio das tribulações; anunciam aos discípulos como bênçãos e recompensas já obscuramente adquiridas; já estão inauguradas na vida da Virgem Maria e de todos os santos” (Catecismo 1716).

São Paulo relata em uma de suas cartas que Deus “nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos” (Efésios 1,3-4).

Vocação na Igreja

A Igreja é feita de vocações: sacerdotal, religiosa, vida consagrada e leigos.

Sendo assim, cada um de nós recebe de Deus um chamado para viver uma vocação na Igreja.

O primeiro passo para pensar nossa vocação é refletir sobre todos os chamados que Deus nos faz: à vida, à comunhão com Ele, à santidade. A vocação na Igreja tem a ver com a maneira com a qual queremos responder concretamente a esses três chamados.

Mas como ter certeza da minha vocação na Igreja? – esta é uma pergunta que ronda o imaginário de muitos jovens. E a resposta é: Esta certeza só pode ser encontrada no Coração de Deus, portanto, na oração.

Alguns sentem um chamado tão forte à determinada vocação na Igreja que não dão espaço para dúvidas e rapidamente sabem discernir o caminho que devem trilhar para viver sua vocação na Igreja. Foi assim com Santa Teresinha do Menino Jesus, que antes dos 15 anos já sabia que queria viver inteiramente entregue a Jesus na vida monástica.

Mas geralmente esse processo costuma ser longo, e não há problema nisso, porque nem sempre é fácil compreender o que Deus quer de nós. Por isso, a Igreja, como Mãe, está com seus filhos também na descoberta da vocação, conduzindo-os a um processo que é chamado de discernimento vocacional. É um processo que deve ser feito com abertura de coração e com a orientação de um diretor espiritual.

Portanto, se você tem dúvidas sobre como vive sua vocação na Igreja, procure a orientação de um sacerdote ou religioso. Ele ou ela vai te ajudar a descobrir por qual caminho Deus quer te conduzir à comunhão com Ele e aos irmãos.

Por fim, vocação é chamado! Logo, o chamado é feito por Deus que espera de nós uma resposta de amor.

Como você tem respondido aos chamados de Deus para a sua vida? Dê o seu “sim” com generosidade e experimente as alegrias que brotam do Coração do próprio Deus.